A Rede de Sementes do Cerrado (RSC) participa da programação do I Simpósio de Tecnologias e Práticas de Restauração Ecológica. A Iniciativa, que acontece até sexta-feira (7), na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em Sorocaba (SP), reúne especialistas, representantes de instituições públicas e comunitárias de todo o país. Durante a programação, a equipe técnica da RSC apresentou resultados e reflexões sobre a atuação das redes de sementes nativas e o papel das comunidades tradicionais na restauração ecológica.
Nesta quinta-feira (6), a presidente da RSC, Anabele Gomes apresentou o painel “Sementes e Pessoas: Avanços e desafios na base da restauração”, com foco na experiência do Redário, uma articulação nacional que reúne 27 redes de coletores de sementes nativas, envolvendo cerca de 2.500 pessoas, em sua maioria mulheres, atuando em 11 estados e quatro biomas (Amazônia, Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica).
Anabele Gomes apresentou o painel “Sementes e Pessoas: avanços e desafios na base da restauração
A apresentação destacou a evolução, estrutura de governança e resultados do Redário, que conecta a produção de sementes de ampla base genética aos projetos de restauração em todo o país. Anabele Gomes abordou também o uso do Muvucômetro, ferramenta de diagnóstico e monitoramento aplicada a cada dois anos, que mede o grau de maturidade das redes em aspectos como governança, base social, gestão técnica, sustentabilidade financeira e acesso ao mercado. “O Redário nasceu da união de redes que já atuavam em seus territórios e que decidiram caminhar juntas para fortalecer o setor, valorizar o conhecimento tradicional e garantir sementes de qualidade para a restauração ecológica”, destacou a presidente da Rede de Sementes do Cerrado.
Restauração Inclusiva
As pesquisadoras Jamily Pereira e Maria Eduarda Camargo apresentaram o trabalho “Restauração ecológica inclusiva: comunidades como protagonistas na restauração de ecossistemas do Cerrado”
Ainda durante o simpósio, a coordenadora do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento, Jamily Pereira e a coordenadora do Núcleo de Restauração da Rede, Maria Eduarda Camargo apresentaram o trabalho “Restauração ecológica inclusiva: comunidades como protagonistas na restauração de ecossistemas do Cerrado”.
O estudo, elaborado no âmbito do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento e do núcleo de Restauração da RSC, traz uma análise sobre os processos colaborativos entre ciência e saber tradicional, com base nas diretrizes da Articulação pela Restauração do Cerrado (Araticum).
As pesquisadoras destacam que a restauração ecológica inclusiva se fundamenta na participação ativa de povos indígenas, quilombolas, agricultores familiares e comunidades tradicionais em todas as etapas do processo, do diagnóstico à coleta de sementes, plantio e monitoramento. A RSC, por exemplo, desenvolve experiências práticas em parceria com grupos comunitários como CORA, COOPERUAÇU, COOCREARP, Cerrado de Pé e Sementes do Paraíso, atuantes em Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal.
O trabalho reforça que a restauração inclusiva vai além da dimensão ecológica, constituindo-se como processo de inovação social e fortalecimento territorial, fundamental para a construção de modelos sustentáveis de desenvolvimento no Cerrado.
Publicado em 07/11/2025